terça-feira, 26 de março de 2013

Conhecendo a Biblioteca Pública de MG

Biblioteca Luiz de Bessa, um convite à leitura

 

Com cerca de 260 mil obras disponíveis para consulta e visitada diariamente por 1.500 pessoas, biblioteca investe na popularização da leitura e da literatura na capital mineira e guarda exemplares históricos em seu acervo
Dois homens sentados e dois em pé, em um banco de praça, sendo dois deles com um livro na não. Quem estiver passando pela Praça da Liberdade, bem no início da avenida Bias Fortes, pode não saber que o grupo de esculturas descrito é uma referência aos escritores mineiros Fernando Sabino, Hélio Pellegrino, Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos. Mas a localização das esculturas, em frente à Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, não deixa dúvidas: a reunião de amigos é um convite para um encontro marcado com a literatura.
Afinidade dividida pelas amigas Eryka Carolina Oliveira e Andrea Pereira Ledo, que visitaram o setor de Empréstimo da biblioteca em busca de mais exemplares da obra do escritor francês, nascido na Argélia, Albert Camus. “Já li “O estrangeiro”, e vim pegar outro. Começamos a vir à biblioteca no ano passado e gostamos muito”, conta Eryka.
A leitura também é um hábito de Elias Andrade, que frequenta o setor de Periódicos. Mesmo sendo assinante de um jornal e receber um exemplar em casa diariamente, o aposentado visita a biblioteca a cada dez dias. “Prefiro assuntos como economia, especialmente, e política. Além do jornal que assino, leio outros dois aqui, assim tenho uma informação mais completa”, pondera.
A popularização da leitura e, principalmente, da literatura em Belo Horizonte e em outras cidades mineiras é o principal objetivo da instituição. “A biblioteca pública é para todos e visa disseminar a literatura para criar cidadãos críticos e estimular a produção de subjetividade”, explica Marina Nogueira, diretora do Sistema de Bibliotecas Públicas Municipais e ex-coordenadora da Hemerotec Histórica da Biblioteca.
Os frequentadores da biblioteca têm à sua disposição um acervo de 260 mil obras de temas variados como literatura, arte, pedagogia e matemática, além de livros históricos e exemplares de escritores brasileiros e estrangeiros, obras raras e especiais, coleções infanto-juvenis e exemplares em braile. A quantidade de obras de cultura, política e de autores mineiros é vasta: mais de 20 mil obras fazem parte da Coleção Mineiriana e estão disponíveis para consulta local.
Visitado diariamente por 1.500 pessoas, entre crianças, jovens, adultos, estudiosos de várias áreas e portadores de deficiência visual, a instituição é divida em dois prédios: na sede (Praça da Liberdade, 21, Funcionários) localizam-se os setores de coleções especiais, infanto-juvenil, braile, periódicos correntes e hemeroteca histórica. Já no prédio anexo (rua da Bahia, 1.882, Lourdes) estão os setores de Empréstimo Domiciliar e Referência e Estudos. Leia mais sobre a Biblioteca na página 2 desta edição.

Obras raras e especiais

A biblioteca reúne 1.554 exemplares que fazem parte do acervo de obras raras e especiais. O livro mais raro é “Incunábulo”, de 1493. Os incunábulos são livros que guardam a memória da técnica de impressão de dispositivos móveis de Gutemberg, o inventor da imprensa, e foram impressos entre 1450 e 1500. O exemplar existente na biblioteca tem a letra inicial, a capital, em ouro. Raríssimo, é um dos dois existentes no Brasil - o outro está na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
O acervo de coleções especiais tem, aproximadamente, 80 mil exemplares. Uma destas coleções é a Rita Adelaide, com cerca de 1.305 volumes, que antes se encontravam no Palácio do Governo. Esta coleção apresenta exemplares com douramentos em folhas de ouro e até uma bíblia alemã datada de 1851, encadernada em couro com detalhes em metal.
Também estão disponíveis para consulta uma coleção de artes, que inclui desde livros sobre arte rupestre até exemplares sobre arte digital. Obras de artistas como Jean-Baptiste Debret, pintor e desenhista francês que retratou os costumes do Brasil colonial, estão impressas no livro “Debret e o Brasil 1816-1831”, de autoria de Júlio Bandeira e Pedro Correa do Lago.

Tesouros afetivos

Muitos adultos, nascidos nas décadas de 1950 e 60, procuram a biblioteca para revisitar algumas pérolas dos tempos de alfabetização e aprendizagem. Esses tesouros afetivos são os livros de leitura e alfabetização da época em que eram crianças, como “Leitura silenciosa” e “As mais belas histórias” e exemplares de autores como Monteiro Lobato. Personagens como os três porquinhos levam os adultos a uma deliciosa viagem ao passado. “Muita gente se emociona ao visitar a coleção Memória Infantil, relembrando os bons tempos da infância”, observa Eliani Gladyr, coordenadora das Coleções Especiais.

Palavras em relevo

Os muitos amantes da leitura não exercem esta prática apenas com a visão. A biblioteca tem um acervo voltado para portadores de deficiência visual, denominado Setor Braille, com cerca de 7 mil exemplares, fundado em 1965. O setor atualmente apresenta recursos como impressora braile, adquirida em 2007, computador com software sintetizador de voz, lupa eletrônica e ampliador de tela.
José Carlos Dias, comerciante aposentado com retinose pigmentar, grupo de desordens genéticas que provoca a perda progressiva da visão, é um usuário assíduo do setor Braille. José Carlos usa bengala há cerca de dez anos e, como utiliza a biblioteca desde a década de 1980, acompanhou a evolução tecnológica dos recursos disponíveis para o auxílio de portadores de deficiência visual que frequentam a instituição. “O primeiro áudio-livro que escutei aqui foi sobre fabricação de cachaça, ainda em cassete”, relembra, elogiando tanto a estrutura quanto o atendimento do local. “Até perco a hora quando venho para cá”, disse.
Um aspecto positivo que José Carlos destaca é a contribuição assídua de um grupo de 70 voluntários, que faz leitura viva voz, revisão de livros produzidos em braile e grava livros. José comenta que completou o ensino médio rapidamente com o apoio dos voluntários. “Sem o apoio deles, minha caminhada seria mais longa”, reflete. Nesta mesma época, José também aprendeu braile na biblioteca.
O comerciante prefere documentários, histórias e aventuras. O último livro que leu foi “A Cabana”, de William P. Young. José Carlos observa que atualmente lê em braile para aprimorar o uso do português. “Sempre fiz provas orais e a correta utilização do português ficou de lado. Quero aprender mais”, conta.

Conheça alguns setores da Biblioteca
  • Setor de Periódicos

Possui coleção de 84 assinaturas de jornais e revistas do país, disponibilizados para pesquisa. Funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h, e aos sábados, das 8h às 12h.
  • Hemeroteca Histórica

Reúne acervo de jornais e revistas históricas de relevância para o patrimônio cultural de Minas Gerais e do Brasil, disponível para pesquisadores e para o público em geral. Tem um banco de aproximadamente um milhão de imagens de jornais digitalizados desde o século 19. Funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
  • Empréstimos

O setor de Empréstimo Domiciliar da biblioteca tem mais de 70 mil livros de diversas áreas, incluindo autores de literatura brasileira e estrangeira, com destaque para os clássicos. O prédio anexo recebe cerca de 210 mil pessoas por ano. Os interessados em fazer empréstimos devem apresentar carteira de identidade e comprovante de residência, além de contribuir, opcionalmente, com R$ 3. Menores de 16 anos devem apresentar documento de identidade do responsável. É possível fazer empréstimo de até dois livros por vez, com prazo de devolução de 14 dias, renováveis por mais um dia, pessoalmente ou via internet.

Inscrições para empréstimo

Segunda a sexta-feira, de 8h às 19h30, sábado, de 8h às 11h30.

Funcionamento:


Segunda a sexta-feira, de 8h às 20h, e sábado, de 8h às 12h.

Telefones: 3269-1230 e 3269-1231

E-mail: emprestimo.sub@cultura.mg.gov.br

Endereço: Prédio Anexo Professor Francisco Iglésias – Rua da Bahia, 1.889, 1º andar

Contatos:

Telefone: 3269-1166

E-mail:bibliotecapublica.sub@cultura.mg.gov.br

Localização: Praça da Liberdade, 21. Funcionários

Site: www.cultura.mg.gov.br/component/content/article/207-biblioteca/445-biblioteca-publica-estadual-luiz-de-bessa

História

1954

É aberta a Biblioteca Pública de Minas Gerais, criada pelo então governador Juscelino Kubitschek e projetada por Oscar Niemeyer.


1961

O governador José Francisco Bias Fortes acrescentou à Biblioteca Pública de Minas Gerais o nome do professor Luiz de Bessa (decreto 6.140). Antônio Luiz de Bessa foi um ilustre homem público e um trabalhador intelectual que se dedicou a atividades de interesse público.

1984

Através da Superintendência de Bibliotecas Públicas de Minas Gerais, unidade da Secretaria de Estado da Cultura, a biblioteca se torna referência para as bibliotecas dos 853 municípios através do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas Municipais e passa a propor, executar e avaliar as políticas públicas relacionadas à rede de bibliotecas públicas municipais, atendendo aos princípios de preservação, divulgação e acesso ao patrimônio bibliográfico.

2000

O prédio Anexo Professor Francisco Iglesias, após extensa reforma, foi cedido à Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa. Após as adaptações realizadas, o prédio recebeu o prêmio Gentileza Urbana, concedido pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-MG).




Texto retirado do DOM, no dia 26/03/2013

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