Estudo mostra como atuam escolas que apresentam resultados eficientes na aprendizagem de alunos de baixo nível socioeconômico
Definir metas, usar dados das avaliações para direcionar o trabalho
pedagógico e acompanhar de perto o desenvolvimento dos alunos são ações
que ajudam a garantir uma Educação de qualidade. O desafio é coloca-las
em prática, como fazem algumas escolas públicas do País que recebem
alunos de baixo nível socioeconômico e, contra as adversidades, promovem
ensino e aprendizagem com excelência.
O diagnóstico foi feito pela Fundação Lemman e pelo Itaú BBA, no estudo
“Excelência com Equidade”, divulgado no fim do ano passado. O relatório
destaca seis escolas públicas dentro de um grupo de 215 que atendem
alunos de baixo nível socioeconômico e que obtiveram bom desempenho na
Prova Brasil 2011 e, consequentemente, altos Índices de Desenvolvimento
da Educação Básica (Ideb). São elas: Escola Municipal Beatriz Rodrigues
da Silva, em Palmas (TO); CIEP Glauber Rocha, no Rio de Janeiro (RJ);
Escola Municipal João Batista Filho, em Acreúna (GO); Escola de Ensino
Fundamental Maria Alves de Mesquita, em Pedra Branca (CE); Escola CAÍC
Raimundo Pimentel Gomes, em Sobral (CE) e a Escola Municipal Suzana
Moraes Balen, em Foz do Iguaçu (PR). As escolas selecionadas
localizam-se nas cinco regiões geográficas brasileiras.
A pesquisa avaliou o trabalho feito nos anos iniciais do Ensino
Fundamental (1º ao 5º ano). Hoje, o Ideb desse nível de ensino para todo
o País é 5,0. Foram consideradas as unidades de ensino que tiveram uma
taxa mínima de participação de 70% na prova e com Ideb igual ou superior
a 6. Outro critério foi observar apenas os colégios que apresentaram,
no mínimo, 70% do alunado no nível adequado de proficiência e, no
máximo, 5% com desempenho considerado insuficiente.
A trajetória de evolução das escolas, entre 2007 e 2011, também foi
levada em consideração. Já as condições das famílias dos alunos foram
verificadas por meio de questionários que acompanham a Prova Brasil e
que são respondidos pelos estudantes.
A ideia da pesquisa, segundo o economista e coordenador de projetos da
Fundação Lemann, Ernesto Martins Faria, era justamente investigar o
sucesso dessas escolas – um grupo de pesquisadores conferiu pessoalmente
como os colégios selecionados procedem. O que eles encontraram não foi
nada de muito surpreendente: as boas escolas são “normais” e não há
nenhum tipo de milagre para obterem sucesso com alunos que fazem parte
de famílias pobres.
Entre as práticas encontradas, além das já citadas – definição de
objetivos, uso de dados e acompanhamento dos estudantes –, está fazer da
escola um ambiente agradável e propício ao aprendizado. Para alcançar o
sucesso escolar, o estudo destaca quatro estratégias-chave comuns entre
as seis escolas: criar um fluxo aberto e transparente de comunicação;
ganhar o apoio de atores de fora da escola (como entidades e o poder
público); enfrentar resistências com o apoio de grupos comprometidos e
respeitar a experiência do professor e apoiá-lo em seu trabalho.
“Os conceitos podem ser básicos, mas colocá-los em prática não é tarefa
fácil. Ter liderança para coordenar mudanças e realizar avaliações, por
exemplo, não são coisas simplórias”, destaca Martins. “Planejar e
implementar tudo isso, enfrentando resistências, é o diferencial.”
Segundo ele, a ideia do estudo é justamente apresentar um conjunto de
soluções possíveis, que possam inspirar outras escolas e redes a lidar
com suas adversidades. “Tivemos uma preocupação em destacar práticas que
podem ser replicadas.”
Para ler a pesquisa completa, clique aqui.
Texto retirado do blog Todos pela Educação, no dia 22/01/2013. Matéria escrita por Mariana Mandelli.
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